Amigo boleiro, há algumas semanas falamos sobre a cobertura ofensiva, um princípio tático fundamental aplicado no futebol para manter a posse da bola com o seu time. Hoje, vamos falar da cobertura defensiva cujo objetivo principal é impedir a progressão e diminuir ações ofensivas do adversário.

Dentro da lógica de jogo, é uma maneira de impor um novo obstáculo para o portador da bola e criar a superioridade numérica e comportamental. É uma coisa bem bonita de se ver na prática, porque literalmente, ilustra que o futebol é um esporte coletivo. 

Aqui nesse post do blog da Joga, vamos conversar mais sobre a origem da cobertura defensiva, sua função dentro do esquema tático e como é importante para um jogo bonito e estratégico! Vamos lá? 

Cobertura defensiva: um pouco sobre a origem 

O futebol moderno evoluiu muito desde que surgiu na Inglaterra no século XIX. No começo, o individualismo estava presente tanto em quem estava com a bola quanto no jogador que se esforçava para recuperá-la a qualquer custo. Era comum as situações de 1×1 acontecessem, basicamente, em todos os momentos do jogo. 

Para sermos sinceros, até pouco tempo atrás era bem usual essa dinâmica. No entanto, aos poucos, com a saída da marcação individual, essa mentalidade foi caindo em desuso. Outro fator determinante para essa mudança foi o início da marcação por zona (onde sai de cena a bola e o jogador e entra a relação com o espaço).

Desde a origem na década de 50 com Zezé Moreira, então treinador do Fluminense, passando por Arrigo Sacchi no final dos anos 80/90 na Itália, e mais recentemente, com José Mourinho e Diego Simeone, a marcação por zona deu vida a Cobertura Defensiva.  

Ao priorizar fechar os espaços próximos do portador da bola e, não realizar perseguições de forma individual, os defensores começaram a realizar algumas ações características. Isso mudou a lógica de jogo. 

Cobertura defensiva: como funciona 

Quando pensamos em recuperar a posse de bola, nossa atenção se volta para o jogador da contenção – o qual acreditamos que exerce o papel principal nessa jogada. Isso porque possui maiores chances de roubar a bola devido a sua proximidade.

Contudo, muitas vezes, o jogador da cobertura é quem rouba a bola e não quem está na contenção, justamente por estar mais atento. E assim, consegue originar um novo combate com o jogador portador da bola. Para exemplificar melhor, vamos entender mais a fundo como funciona a Cobertura Defensiva. 

Imagine a pessoa posicionada em linha reta ou na diagonal atrás do jogador em contenção, em uma distância em que diminua o espaço de ação do portador da bola no ponto em que não ‘’bata cabeça’’ no parceiro. 

O cenário que se desenha é o 2×1 favorável para a defesa e a função do posicionamento é criar um obstáculo para o portador da bola, transmitindo confiança e autonomia para o jogador da contenção. Assim, esse pode ser mais agressivo na marcação, impedir o adversário de progredir pelo campo, e principalmente, proteger o gol.

Veja abaixo um exemplo de como o jogador pode se movimentar para criar situação de superioridade no setor da bola. Note que são uma série de movimentações realizadas com o intuito da equipe ficar equilibrada: 

Cobertura defensiva: fundamental para coletividade 

A cobertura defensiva começou a ser utilizada com frequência no futebol contemporâneo, quando iniciou-se a marcação por zona. Hoje em dia, é um fundamento tático estratégico para impedir a progressão da bola e diminuir ações ofensivas do adversário. 

Em um futebol cada vez mais coletivo, onde a superioridade numérica e a comunicação são cada vez mais importantes, o trabalho e comprometimento com a defesa precisa ser dobrado. Somente assim, será possível evitar o gol e começar a pensar em como vencer o jogo. 

Mais do que isso, a cobertura defensiva atua para que nos esqueçamos do pensamento “cada um no seu” e começamos a pensar em como “marcarmos juntos”. No final, temos um jogo mais dinâmico, inteligente e bonito de se ver.

*Escrito pelo time Joga com a colaboração dos profissionais João Vítor Wan-zuit e Guilherme Pereira do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Futebol e do Futsal – Universidade Federal de Santa Catarina (NUPEDEFF-UFSC) 

Referências bibliográficas:

Princípios Táticos do Jogo de Futebol: conceitos e aplicação. Rev. Motriz, Rio Claro, 2009.Teoldo da Costa, I. Garganta da Silva, JM. Greco, PJ. Mesquita, I.

 A pirâmide invertida: a história da tática no futebol. Jonathan Wilson, tradução André Kfouri – 1ª ed. – Campinas, SP; Editora Grande Área, 2016.

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