Um jogador de futebol sabe que é preciso pensar rápido quando a bola está nos pés. Um craque entende que é importante ser ágil mesmo quando não está.  E essa é a principal diferença entre eles, amigo boleiro. 

Sabe quanto tempo um jogador de futebol profissional permanece em contato com a bola durante o jogo? Em média, três minutos. Isso mesmo, 180 segundos. O que é isso perto de uma partida de uma hora e meia? Faz a gente pensar sobre o que o jogador de futebol faz durante os outros 87 minutos. 

A resposta é: dá apoio ao jogador que está com a bola. Isso é o que chamamos de cobertura ofensiva, um dos princípios táticos fundamentais do futebol. Pode ser que você já tenha ouvido falar ou talvez seja a primeira vez que pensa no assunto. Mas, com certeza, já aplica no seu futebol – mesmo sem saber. 

Independentemente das opções, saiba que esse é um tema que rende uma boa resenha. Por isso, confira aqui nesse post como a cobertura ofensiva foi criada, qual a sua função dentro da lógica do jogo e por que você deve ter esse conceito em mente na próxima vez que colocar as chuteiras. Vamos lá? 

Cobertura ofensiva: o que é e porque existe? 

A cobertura ofensiva ou apoio ao portador da bola é um princípio tático utilizado desde quando o jogo foi inventado lá na Inglaterra em 1863. Naquela época, o futebol era bem desordenado, sem tantas regras e mais confuso do praticado nos dias atuais. 

No meio do caos, a pessoa que carregava a bola em direção ao gol sempre tinha companheiros por perto para caso perdesse a posse. A ideia era recuperá-la o mais rápido possível. Foi dentro dessa lógica de jogo que surgiu o conceito inicial da cobertura ofensiva, o qual foi aprimorado posteriormente por outro país do Reino Unido: a Escócia. 

Os jogadores escoceses acrescentaram a percepção de que era mais fácil chegar ao gol adversário passando a bola do que somente conduzindo. Isso aproximou a cobertura ofensiva do que é hoje, tornando-a mais estratégica e complexa. 

Cobertura ofensiva: qual a função dentro da lógica do jogo

Você deve saber que o objetivo do futebol é fazer gols (e não tomar gol) ou simplesmente fazer mais do que o adversário. Dentro dessa lógica do jogo, a cobertura ofensiva surge como uma tática para que o jogador (sem a bola) consiga auxiliar o outro (em posse de bola) e ajudá-lo a progredir dentro do campo. 

Ou seja, a cobertura ofensiva é uma tática aplicada para manter a posse da bola com o seu time. E também para evitar que o adversário faça gol. A ideia é de que quanto mais tempo a sua equipe estiver com a bola, ampliam-se as chances de encontrar espaço, avançar no terreno de jogo e chegar na meta adversária. Faz sentido, não é? 

Cobertura ofensiva: como executá-la em campo 

Basicamente, é assim que a cobertura ofensiva funciona. Agora, vamos conversar sobre como colocá-la em prática. Uma das maneiras é oferecer apoio próximo da bola, criando superioridade numérica no setor. 

Ou ainda construindo a oportunidade de uma tabela ou de uma triangulação. Outra forma é oferecendo a chance de uma saída de pressão adversária, gerando uma dúvida no marcador e facilitando o 1×1 do jogador que está com a posse. Ilustramos abaixo como que funciona essa situação de jogo: 

 

Em uma situação de 4X2 no setor, a cobertura ofensiva  tem como objetivo oferecer apoio próximo da bola,  criando superioridade numérica no setor 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Na cobertura ofensiva, o jogador consegue construir a oportunidade de uma tabela ou de uma triangulação. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A cobertura ofensiva ainda pode ser longa, fazendo uma linha de passe nas entrelinhas da marcação adversária, em profundidade, facilitando para que o outro jogador encontre uma oportunidade de tocar a bola. Independentemente de ser rasteiro ou alto, o importante é sempre estar mais próximo do gol.

Em resumo, a cobertura ofensiva é um princípio tático fundamental para que o jogador possa progredir dentro do campo, conservando a posse de bola. Além disso, serve para: 

  • Diminuir a pressão do adversário sobre o portador da bola;
  • Criar superioridade numérica;
  • Equilíbrio Ofensivo, em caso de perda de posse.

Vale a pena ressaltar de que, além do fator ofensivo propriamente dito, a lógica utilizada pelos ingleses, lá nos primórdios, ainda é válida. Em caso de perda da posse, estar perto da bola é uma maneira de pressionar rapidamente o adversário. Seja por meio de um bote ou de uma contenção, o objetivo sempre será atrasar a progressão do time rival no seu lado do campo. 

Pronto, agora que você já sabe como funciona esse princípio tático fundamental, está na hora de colocar em prática na próxima pelada. Quando colocar as chuteiras e entrar em campo, tenha em mente o que leu aqui e acrescente a cobertura no seu estilo de jogo. Isso vai te aproximar do craque que você é. 

*Escrito pelo time Joga com a colaboração dos profissionais João Vítor Wan-zuit e Guilherme Pereira do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Futebol e do Futsal – Universidade Federal de Santa Catarina (NUPEDEFF-UFSC)

Referências bibliográficas:

  1. Princípios Táticos do Jogo de Futebol: conceitos e aplicação. Rev. Motriz, Rio Claro, 2009, Teoldo da Costa, I. Garganta da Silva, JM. Greco, PJ. Mesquita, I.
  2. A pirâmide invertida: a história da tática no futebol. Jonathan Wilson, tradução André Kfouri – 1ª ed. – Campinas, SP; Editora Grande Área, 2016.

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